O
CAMINHO DE TODOS
A
despedida não deveria soar como um adeus, até nunca mais, mas como
um até breve.
A
dificuldade nossa é a aceitação, compreensão, que aquele que nos
deixa já cumpriu sua tarefa e seu tempo, os seus dias foram
contados.
É
compreensivo o nosso estado nesses momentos, pois na hora da dor não
há o que explicar, nem argumentar.
A
ferida está aberta é a dor é intensa, e enquanto não cicatrizar a
dor fará o seu papel.
As
boas ações daquele que partiu, o seu legado deixado, as boas obras,
a sua conduta, o amor que demonstrou em vida é um dos motivos que
vai permitir que aquela perda seja mais assimilada, ou que a ferida
cicatrize o mais depressa possível.
Para
todos nós quando sairmos deste mundo, seremos história que um dia
será contado por alguém, e muitos serão honrados depois da
partida, mas outros, mesmo “adormecidos” não terão do que se
orgulhar aqueles que um dia mencionará alguma coisa dos seus feitos.
A
esses que em vida nada fez de bom, de humano mesmo, só praticou o
mal, que honra haverá para alguém assim?
Um
dia todos nós seremos lembranças, só seremos saudades até que não
mais seremos lembrados, aqueles que um dia tiver um lapso de saudade
não conseguirá nem mais ter uma ideia da nossa face, terá que
recorrer as fotografias, tudo isso é completamente natural. O tempo
se encarrega de aos poucos ir apagando a
nossa imagem, os nossos feitos e nossas realizações, só restando
aos mais próximos uma vez ou outra sentir uma saudade.
Parece
cruel, mas é o fluxo da existência, é o ciclo da vida, pois a
ferida se cura e se cicatriza, e para aqueles que ficam precisam
continuar, ainda não terminou seu tempo nem seus dias há muito pela
frente, e a perda de alguém pode e atrapalha essa jornada, e a
ferida precisa ser cicatrizada.
Uma
condição foi imposta a todos nós seres humanos, que
para o pó da terra precisamos voltar, simbolicamente de onde saímos,
conforme está escrito ao homem foi dado o direito de morrer uma só
vez vindo depois disso o juízo, mas nós diferente dos animais que
tem a sua alma no sangue, nós fomos apreciados com algo a mais, os
animais, aves, peixes tem sentimentos, tem instinto, mas nós humanos
temos algo a mais, somos almas viventes, vamos compreender, os
animais com o sangue correndo nas veias começaram a se moverem, a se
alimentar, a procriar, assim também com os demais, mas o homem ali
feito da mesma forma do barro, da água e minerais, para que andasse,
se locomovesse, falasse, se alimentasse e outras coisas foi preciso
de algo mais, da mesma maneira que foram formados os animais, estava
ali também o homem, só que não existia vida nele, já tinha o
sangue, o corpo estava perfeito, mas não existia inteligência,
então o CRIADOR compartilhou com o homem uma partícula Sua, soprou
nas suas narinas e então houve vida, existiu vida no homem, foi
feito alma vivente.
Uma
alma nos foi dada, ou
melhor emprestada
e
precisa voltar ao CRIADOR, sem manchas, sem o pecado, assim como o pó
volta ao pó a alma da mesma forma volta para o CRIADOR.
Mas
voltando a falar do momento em que somos desligados desta vida,
momento esse que sempre nos fere, machuca e ficamos sem entender,
muitas perguntas são feitas ali “porque ele ou ela, tão jovem”,
perguntas essas impulsionadas pela dor, pela ferida que se abriu.
Ainda
que a causa mortis foi de forma natural, o cálice sempre será
amargo, mas se torna ainda mais amargo quando essa partida e por
causa de uma tragédia, um assassinato, ou um acidente.
Impossível
descrever com palavras esse momento, ouvir o choro de uma mãe que
teve seu filho assassinado por um motivo tão banal, devia a
traficantes de drogas, ou passeava pela rua com uma câmera
fotográfica e um marginal tirou sua vida por que com a surpresa do
assalto ficou sem reação, e bandido pensou que era resistência ao
seu ato e a matou, e
assim vivemos num país onde isso ocorre durante o ano sessenta mil
vezes.
Como
consolar esse pai ou essa mãe, que bom seria que todos nós vivesse
até a idade da canseira, do enfado, na velhice, farto de dias, já
com uma missão cumprida, uma geração formada, um legado a ser
observado, no entanto quantos que partem desta vida e nem saudade
deixa, só deixou problemas, a família endividada, nas periferias o
adolescente parte em dívida com o tráfico, e a família ameaçada,
uma lembrança amarga para a família.
Outro
dia pude ver o relato de uma mãe que glorificava a DEUS porque seu
filho em confronto com a Polícia acabou morrendo, confesso que
fiquei chocado no momento, como uma mãe pode fazer isso, então ela
contou o resto da história, a humilhação, os problemas que seu
filho trazia para dentro de sua casa, a falta de paz, as agressões e
situação estava insustentável, foi muito e muitas lágrimas, e
muitas vezes se perguntou “mas esse não é meu filho” ela não
disse, mas podemos deduzir que se tratava de um assassino frio, e
naquele dia
ela
agradecia publicamente que o seu filho deixou esse mundo, e após
esse dia ela voltou a viver em paz.
Essa
foi um relato que eu acompanhei, algo
difícil de ver, normalmente as pessoas acusariam a polícia e
chamariam o morto de trabalhador, inverteriam a situação, mas essa
mãe, foi diferente ele entendeu que esse era o único meio, foi a
maneira que se libertou de uma vida de escravidão, chorou por sua
perda, com certeza, mas ela deve ter chorada muito mais, pelas outras
mães que choraram a perda de seus filhos por causa do seu.
Uma
atitude estranha dessa mãe, mas muito bem justificada, apesar de ser
seu filho, mas ela não saiu do sim, sim, não, não, nunca escondeu
quem era seu filho.
Mas,
voltando a nossa reflexão, como seria bom se todos deixasse esse
mundo no fim de seus dias na boa velhice, com já disse, farto de
dias, mas a realidade é bem diferente, e assim é o mundo e as
pessoas, hoje estamos aqui e amanhã podemos não mais existir, hoje
beleza e amanhã sepultura, hoje riquezas e amanhã um monte de
terra.
Mas
em tudo, esse tempo nosso de vida, que aprendamos a viver com
sabedoria e deixar exemplos, um caminho a ser seguido, boas ações a
serem imitadas, e assim escrevemos nossa história que um dia poderá
ser contada e arrancar dos ouvintes suspiros de saudade, e espanto
nos feitos ali mencionados.
Esse
é o caminho de todos, nascemos e temos um espaço, um tempo e uma
missão, uma carreira e depois disso viramos história.
Toda
a nossa história um da será contada.
Nesse
dia seremos apenas lembranças.
(Claudio
Alves de Oliveira)
O
caminho de todos
Nenhum comentário:
Postar um comentário