terça-feira, 12 de maio de 2020

O CAMINHO DE TODOS



O CAMINHO DE TODOS

A despedida não deveria soar como um adeus, até nunca mais, mas como um até breve.
A dificuldade nossa é a aceitação, compreensão, que aquele que nos deixa já cumpriu sua tarefa e seu tempo, os seus dias foram contados.
É compreensivo o nosso estado nesses momentos, pois na hora da dor não há o que explicar, nem argumentar.
A ferida está aberta é a dor é intensa, e enquanto não cicatrizar a dor fará o seu papel.
As boas ações daquele que partiu, o seu legado deixado, as boas obras, a sua conduta, o amor que demonstrou em vida é um dos motivos que vai permitir que aquela perda seja mais assimilada, ou que a ferida cicatrize o mais depressa possível.
Para todos nós quando sairmos deste mundo, seremos história que um dia será contado por alguém, e muitos serão honrados depois da partida, mas outros, mesmo “adormecidos” não terão do que se orgulhar aqueles que um dia mencionará alguma coisa dos seus feitos.
A esses que em vida nada fez de bom, de humano mesmo, só praticou o mal, que honra haverá para alguém assim?
Um dia todos nós seremos lembranças, só seremos saudades até que não mais seremos lembrados, aqueles que um dia tiver um lapso de saudade não conseguirá nem mais ter uma ideia da nossa face, terá que recorrer as fotografias, tudo isso é completamente natural. O tempo se encarrega de aos poucos ir apagando a nossa imagem, os nossos feitos e nossas realizações, só restando aos mais próximos uma vez ou outra sentir uma saudade.
Parece cruel, mas é o fluxo da existência, é o ciclo da vida, pois a ferida se cura e se cicatriza, e para aqueles que ficam precisam continuar, ainda não terminou seu tempo nem seus dias há muito pela frente, e a perda de alguém pode e atrapalha essa jornada, e a ferida precisa ser cicatrizada.
Uma condição foi imposta a todos nós seres humanos, que para o pó da terra precisamos voltar, simbolicamente de onde saímos, conforme está escrito ao homem foi dado o direito de morrer uma só vez vindo depois disso o juízo, mas nós diferente dos animais que tem a sua alma no sangue, nós fomos apreciados com algo a mais, os animais, aves, peixes tem sentimentos, tem instinto, mas nós humanos temos algo a mais, somos almas viventes, vamos compreender, os animais com o sangue correndo nas veias começaram a se moverem, a se alimentar, a procriar, assim também com os demais, mas o homem ali feito da mesma forma do barro, da água e minerais, para que andasse, se locomovesse, falasse, se alimentasse e outras coisas foi preciso de algo mais, da mesma maneira que foram formados os animais, estava ali também o homem, só que não existia vida nele, já tinha o sangue, o corpo estava perfeito, mas não existia inteligência, então o CRIADOR compartilhou com o homem uma partícula Sua, soprou nas suas narinas e então houve vida, existiu vida no homem, foi feito alma vivente.
Uma alma nos foi dada, ou melhor emprestada e precisa voltar ao CRIADOR, sem manchas, sem o pecado, assim como o pó volta ao pó a alma da mesma forma volta para o CRIADOR.
Mas voltando a falar do momento em que somos desligados desta vida, momento esse que sempre nos fere, machuca e ficamos sem entender, muitas perguntas são feitas ali “porque ele ou ela, tão jovem”, perguntas essas impulsionadas pela dor, pela ferida que se abriu.
Ainda que a causa mortis foi de forma natural, o cálice sempre será amargo, mas se torna ainda mais amargo quando essa partida e por causa de uma tragédia, um assassinato, ou um acidente.
Impossível descrever com palavras esse momento, ouvir o choro de uma mãe que teve seu filho assassinado por um motivo tão banal, devia a traficantes de drogas, ou passeava pela rua com uma câmera fotográfica e um marginal tirou sua vida por que com a surpresa do assalto ficou sem reação, e bandido pensou que era resistência ao seu ato e a matou, e assim vivemos num país onde isso ocorre durante o ano sessenta mil vezes.
Como consolar esse pai ou essa mãe, que bom seria que todos nós vivesse até a idade da canseira, do enfado, na velhice, farto de dias, já com uma missão cumprida, uma geração formada, um legado a ser observado, no entanto quantos que partem desta vida e nem saudade deixa, só deixou problemas, a família endividada, nas periferias o adolescente parte em dívida com o tráfico, e a família ameaçada, uma lembrança amarga para a família.
Outro dia pude ver o relato de uma mãe que glorificava a DEUS porque seu filho em confronto com a Polícia acabou morrendo, confesso que fiquei chocado no momento, como uma mãe pode fazer isso, então ela contou o resto da história, a humilhação, os problemas que seu filho trazia para dentro de sua casa, a falta de paz, as agressões e situação estava insustentável, foi muito e muitas lágrimas, e muitas vezes se perguntou “mas esse não é meu filho” ela não disse, mas podemos deduzir que se tratava de um assassino frio, e naquele dia ela agradecia publicamente que o seu filho deixou esse mundo, e após esse dia ela voltou a viver em paz.
Essa foi um relato que eu acompanhei, algo difícil de ver, normalmente as pessoas acusariam a polícia e chamariam o morto de trabalhador, inverteriam a situação, mas essa mãe, foi diferente ele entendeu que esse era o único meio, foi a maneira que se libertou de uma vida de escravidão, chorou por sua perda, com certeza, mas ela deve ter chorada muito mais, pelas outras mães que choraram a perda de seus filhos por causa do seu.
Uma atitude estranha dessa mãe, mas muito bem justificada, apesar de ser seu filho, mas ela não saiu do sim, sim, não, não, nunca escondeu quem era seu filho.
Mas, voltando a nossa reflexão, como seria bom se todos deixasse esse mundo no fim de seus dias na boa velhice, com já disse, farto de dias, mas a realidade é bem diferente, e assim é o mundo e as pessoas, hoje estamos aqui e amanhã podemos não mais existir, hoje beleza e amanhã sepultura, hoje riquezas e amanhã um monte de terra.
Mas em tudo, esse tempo nosso de vida, que aprendamos a viver com sabedoria e deixar exemplos, um caminho a ser seguido, boas ações a serem imitadas, e assim escrevemos nossa história que um dia poderá ser contada e arrancar dos ouvintes suspiros de saudade, e espanto nos feitos ali mencionados.
Esse é o caminho de todos, nascemos e temos um espaço, um tempo e uma missão, uma carreira e depois disso viramos história.
Toda a nossa história um da será contada.
Nesse dia seremos apenas lembranças.

(Claudio Alves de Oliveira)
O caminho de todos 

Nenhum comentário: