segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

EVOLUÇÃO EM PROSA


A EVOLUÇÃO EM PROSA
Com a chegada do progresso, a evolução muito disso afetou uma parte da população.
A tecnologia foi melhor para alguns, mas tudo um preço.
E esse preço foi muito alto para algumas pessoas que não se adequaram a evolução.
Através da música e de poesias muitos exprimiram essa mágoa através da canção.
Onde descreviam com detalhes coisas que realizavam e que faziam de coração.
Quem não se recorda de “Mágoa de boiadeiro” uma linda canção.
Que retrata com nostalgia um tempo de noites ao relento e longas cavalgadas pelo sertão.
Atravessar um rio a vau, dormir sobre o luar, coisas da vida de peão.
Não era uma simples melodia, mas parecia uma lamentação.
Pelo fim de uma profissão.
Numa casa simples sem energia onde liamos um livro, com a luz do lampião.
Nossa TV era olhar as estrelas e o infinito, essa era a programação.
Andar descalço, encarar uma montanha, andar pela mata, com a escuridão.
Ouvir histórias que os mais velhos nos contavam de fantasmas e aparição.
Que nos deixava com medo, e nos enchia de emoção.
A vida simples do campo, era vivida com muita satisfação.
Com o passar dos anos e a chegada da evolução.
Um dia a vida do campo, e suas belas canções.
Vai se transformar apenas em recordações.
As lembranças que vai tocar em nossas mentes e corações.
Quem mora nas grandes cidades não sabe o que ser feliz.
Em meio a tanto crimes e corrupção.
Ser acordado pelo alarido de pássaros e uma canção.
Que fala da natureza e nos mostra uma lição.
As pessoas de hoje essa nova geração.
Que esqueceram das melodias que nos traz recordações.
Letras que só falam de bebedeira e traição.
Faz dos corpos dos jovens uma atração.
Levando a fazerem movimentos e danças com muita insinuação.
As letras dessas melodias falam muito de separação.
Ostentam o crime e a droga, como se fosse motivação.
Essas palavras são de reprovação.
Para essa forma de cultura que sofreu tanta transformação.
E que tirou o verdadeiro significado do que é uma canção.
Eu me pergunto de onde vem essa inspiração?
Se compararmos as melodias atuais com as músicas do sertão.
Que se inspiravam, num cafezal em flor, num pé de feijão.
A tristeza do Jeca, casinha branca e saudade de matão.
O rei do gado, capricho do destino e luar do sertão.
Essa geração nunca ouviu a história de um certo pássaro por nome de João.
Nem lembra de um certo boi que salvou um menino num estouro de boiada no estradão.
Escrevi estas palavras porque me dói no coração.
Ver tanta maldade no mundo, nas cidades, nas pessoas e nas canções.
O progresso foi bom, mas trouxe consigo uma imensa decepção.
Porque muitos hoje só vivem de lembranças e de recordações.
De um tempo que se foi e o que restou e pura lamentação.
Eu falei da cultura e do boiadeiro, representado muitas vezes nas canções.
Hoje na poesia e nas palavras dessa minha simples declaração.
Talvez de um sentimento que me traz emoção.
Pois nasci e cresci vivendo como lavrador, homem do sertão.
Também disso faço minha lamentação.
De um dia tudo isso não vai passar de histórias e de recordações.
O progresso vai transformar tudo em realização.
Mas ninguém tira as boas coisas do coração.
Ninguém pode apagar o cheiro da relva, o orvalho da manhã.
O canto dos pássaros e o brilho do luar, na imensidão.
Como muitos cantaram uma melodia, que passou a ser tradição.
A dor da saudade que é que não tem.
Hoje é apenas lembranças de um povo que mantém resistência contra a evolução.

(Claudio Alves de Oliveira)
A evolução em prosa

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