UM DESEJO

UM DESEJO

Ah! Se pudesse viajar nas asas do vento.

Subiria tão alto, descobriria tantos segredos.

Encontraria muitas respostas para as dúvidas.

Faria uma morada na lua ou nas estrelas.

Se pudesse seria companhia do vento no seu trajeto.

Chegar no cume dos mais altos montes da terra.

Sem precisar ter que escalar.

Se pudesse voltar no tempo.

Procurar um dia que não existiu.

Fatos do passado que ficaram sem solução.

Voltar no dia em que nasci.

Olhar para o mundo pela primeira vez.

Ter aquela sensação outra vez.

As primeiras palavras, os primeiros passos.

Talvez assim poderíamos compreender.

Toda a nossa jornada, os altos e baixo.

Muitos dos nossos questionamentos.

Só o passado pode nos responder.

Uma viagem ao passado, ah! Se pudéssemos.

Se pudesse viajaria pela inspiração.

Assistir o exato momento do nascimento de uma canção.

Ou estar presente quando o poeta delinear.

Os primeiros versos de uma poesia.

Ou quando o escritor iniciar o esboço de um best-seller.

Se pudesse viajaria nas entrelinhas do poema.

Se pudesse falaria palavras profundas.

Aquelas que mexe com os corações.

E mudam os sentimentos, as atitudes.

Ah! Se pudesse não existiriam lamentos.

Como queria que não existissem guerras.

Nem o amor fosse tão ausente.

Que no mundo todos estivessem em paz.

Como queria que não existisse a fome.

No lugar as ofensas existissem, elogios.

No lugar das palavras desmoralizantes.

Uma sintonia de frases estimulantes, edificantes.

E todas as desacatos se tornassem declarações.

Ah! Se pudesse viajar nas notas da canção.

Caminhar por seus acordes.

Separar o Mi e o Fá, colocar um tom entre os dois.

Aumentar a distância entre o Si e o Do.

Se pudesse não teria tantos intervalos.

Eliminaria o silêncio e os acidentes.

Viajaria dentro do ritmo e da melodia.

Se pudesse faria uma fusão entre notas e letras.

Se pudesse viajaria na imaginação.

Até encontrar uma razão.

Que não dependesse de somas.

Não dependesse da física, da química.

Que tenha a proporção de unir.

As maiorias das razões que existem.

Separam as pessoas, criam classes.

As razões têm deixado um mundo estranho.

Como se o planeta estivesse perdendo seu brilho.

Ah! se pudesse iria até o Céu.

Como queria ver o Santo Monte.

A árvore da vida e seu doze frutos.

Se pudesse queria ver as nações.

Tantos segredos e quantos mistérios.

Se pudesse folheava o livro da vida.

Se pudesse habitaria a eternidade agora.

Ah! Se pudesse viajaria no mais profundo dos mares.

Onde nenhum homem foi capaz de chegar.

Se pudesse faria um caminho de pedras ali.

Alimentaria aqueles seres da escuridão.

Ah! Se pudesse das minhas dúvidas.

Criaria um livro com todas as respostas.

Se pudesse nunca mais cometeria equívocos.

Das incertezas me afastaria.

Com o pouco que tem viva bem.

Com os poucos dias que restam viva muito.

(Claudio Alves de Oliveira)

Um desejo