O CÍRCULO SE FECHA
No dia do luto não existe alegria.
Os corações se despedaçam e até colapsam.
O momento é de extrema dor na alma.
Que até leva ao desespero.
Da forma natural que ocorre com todos.
Se finda os seus dias e chega o tempo.
É inevitável o processo da deixar este mundo.
Nada poderá tornar isso irreversível.
A surpresa de todos, causa espanto.
Perguntas e questionamentos.
Tentamos justificar, argumentar.
Mas nada mais pode ser reparado.
O tempo na sua crueldade cumpre suas metas.
E não se importa com o status social.
Com a idade, se é idoso ou jovem.
Se está consistente ou inválido.
Não existe um protocolo nem uma data elaborada.
Ninguém imagina o dia e a hora.
Se é a noite ou será durante o dia.
Em casa, no carro, no avião ou no hospital.
Aquele que está determinado, marcado.
Não pode negociar, nem adiar.
Terminar um compromisso inacabado.
Ou pedir perdão para alguém que machucou.
Sonhos inacabados, ou metas que não cumpriu.
Promessas que foram feitas.
Ou a projeção para o futuro.
Nada disso importa mais.
E de forma natural, ou drástica.
Termina sua jornada, acabou sua carreira.
Aquilo agora se torna definitivo.
Nada mais resta, nenhuma ação e mais possível.
A vida deixou aquele habitat.
Ela cumpriu o seu papel.
Fez de tudo para que não exista sequelas.
E no fim a honra pelo tempo vivido.
E desta forma se encerra uma existência.
Familiares e amigos se comovem.
Um encontro inesperado, inconveniente.
Provocado por alguém que não está mais vivo.
Talvez algo que tanto quis em vida.
A família, os mais próximos, os amigos.
Juntos se alegrando, focados na alegria.
Enfim, a situação é outra, oposta.
Pouco a pouco todos o deixarão.
No lugar da extrema solidão.
Logo seus amigos o esquecerão.
Seu legado será lapso de saudade.
Se tornou um ponto na história.
Talvez suas atitudes sejam recordações.
O caráter sempre lembrado, ou esquecido.
Tudo depende de como construiu sua trajetória.
Sua repentina partida sem despedida.
Deixou um vazio, causou uma ferida.
As lágrimas serão de dor e ausência.
E a saudade será uma fissura no coração.
Se nós tivéssemos certeza desse momento.
Reuniria a família, parentes e amigos.
E falaria que estaria ausente.
A partir de determinada data.
Mas um dia saímos para o trabalho.
Vamos fazer uma viagem.
Ou dormimos na noite anterior.
Serão nossos últimos momentos.
E assim o ciclo se fecha.
Deixamos nosso último sorriso.
Nossas últimas palavras, ou um murmúrio.
E o nosso brilho se acaba.
Nossa história termina.
A última página do livro se fecha.
Com uma dedicação “foi uma honra viver”.
Nos tornamos saudade e lembranças.
Se imaginássemos a dor que causamos.
A tristeza que provocamos.
O vazio que deixamos como uma ferida.
As lágrimas da comoção.
Tentaríamos adiar o nosso dia.
Prolongar os nossos dias.
Mas isso não está em nosso controle.
Nem o amanhã nas nossas mãos.
*In memoriam de Lourival Rodrigues da Silva
“obrigado por tudo”.
(Claudio Alves de Oliveira)
O círculo se fecha
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