sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

UM DIA


UM DIA

Quando a solidão for maior que a saudade e não existir mais o que recordar.
Quando as lágrimas forem maiores que o choro, ou quando não existir mais razões para chorar.
Quando não houver nada a dizer e as palavras não forem mais possíveis a nós.
Quando as montanhas não puderem serem mais escaladas.
E o sol deixar de aquecer a terra e a lua deixar de brilhar.
Quando no firmamento não existir mais estrelas, nem existir nenhuma constelação.
Quando os verdes das matas e o som das águas não mais existir.
O barulho das asas das aves cessarem e o seu canto nunca mais se ouvir.
As melodias cessarem, aquelas canções que nos alegra e aquelas que nos aborrecem.
Os pingos de chuva não molharem mais a terra nem regar relva.
Quando não existir mais manhã, nem a noite nos afetar pela escuridão.
A expectativa de um novo amanhecer for apenas um lapso de memória.
O som dos veículos e barulhos de passos e conversas nas calçadas forem extintos.
A face dos amigos e vizinhos não for mais possível visualizar.
Enfim quando nada mais for possível de se realizar, nem andar, nem chorar, nem observar.
Não parece nada de mal em tudo isso, essas palavras, parece um sonho.
Ou que estamos num quadro de enfermidade, em coma num hospital.
Não se trata disso, se trata de um outro tempo, realmente quando acordar do sono.
Não tente se perguntar, quanto tempo passou ou qual dia estás.
Não se preocupe mais com os anos, meses e dias.
Não se preocupe mais com o calor, ou com a chuva, com os ventos.
Com as estações do ano ou com o frio., com as horas.
Esqueça as contas, as dívidas, esqueça a tecnologia.
Não se preocupe mais com tua casa, sua família e seus amigos.
Vai existir alguns rostos conhecidos e outros que nunca vistes.
Alguns de que ouviste falar, mas que viveram há séculos atrás.
Apenas olhe contemple, o mar já mais existe, o primeiro céu e a terra já passaram.
Lembra do Salmos 91, recorde ele, parte dele era terreno e outro celestial.
“Aquele que habita no esconderijo da Altíssimo, a sombra do Onipotente descansarás”.
Já descansou a sombra do Onipotente, e o momento de acordar.
E começar uma nova vida, onde a matéria não mais existe.
Agora está habitando no esconderijo do Altíssimo.
Acorda existe uma eternidade pela frente.
Há muito para se fazer, tudo ficou para trás.
Não vai existir mais lágrimas, muito menos dor.
Nem angustia, nem sofrimento, nem tristeza.
Será somente alegria, uma alegria que nunca mais terminará.

(Claudio Alves de Oliveira)
Um dia 

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