sexta-feira, 18 de abril de 2025

O GALO CANTOU



O GALO CANTOU


Essa descrição remonta em um passado um pouco distante.

Em algum lugar que o leitor, com certeza, vai saber.

Era uma noite muita tranquila, e tinha todos os apetrechos que assim continuasse.

Pessoas em meio as ruas iluminadas por tochas conversavam.

Discutiam suas ideias e discordavam uma das outras.

As conversas tinham suas controversas em um momento havia uma concordância, em outro, opiniões diversas.

Houvera uma prisão naquela noite era o assunto do momento.

Esse era a causa daquele alvoroço que pelas horas seria normal todos estarem em casa.

Mas aquele fato mudaria aquela noite para sempre.

A causa das conversas daquelas pessoas era na inocência ou culpa do homem que fora preso.

Quando alguém notou uma presença de uma pessoa que não se encaixava naquele cenário.

Aquele homem tentava passar despercebido entre as pessoas talvez em busca de informação.



Mas a sua postura e seu comportamento chamou atenção.

O homem que fora preso tinha alguns seguidores.

Na sua maioria aquelas pessoas concordaram com sua prisão.

E alguém entre elas notou os traços daquele homem discreto.

A princípio apenas um curioso, se aproximou dele e perguntou: “você estava com ele quando foi preso?”.

Era tudo que ele não queria ouvir, contraiu em seu ser, analisando a situação do momento.

Percebendo que a maioria aprovou a prisão. Respondeu que não.

Alguém mais ousado se aproximou: “estou te reconhecendo você estava no momento da prisão, você é um dos seguidores daquele homem?”.

Se demorou para responder, mas uma vez a resposta foi negativa.

Um terceiro homem se aproxima e menciona o nome do homem que fora preso, e retruca ele: “você conhece ele sim, eu o vi com os demais”.

Mas convicto em suas repostas respondeu: “não conheço tal homem”.

Nesse momento o galo cantou.

Ah madrugada cruel, as lágrimas naquele homem começaram a brotar, era um choro alto.



Uma lamentação começou a se ouvir pelas ruas enquanto corria pelas ruas sem direção.

Corria a esmo, sentindo uma dor no coração e na alma.

Quem ouvia aquele lamento parecia de alguém que foi chicoteado.

De alguém que perdeu alguma muito preciosa, algo de um valor inestimável.

Aquela angustia que tomou aquele coração era de morte.

Depois que suas pernas cansaram de correr, caiu no chão sem forças, e ali ficou por horas.

Era a madrugada de um dia interminável para aquele homem.

Os galos faziam o seu papel e cantavam.

Mas aquele que cantou parecia tão perto, foi como um gatilho.

Foi como um despertar, acordar de um sono profundo.

Aquele homem entrou na escuridão do seu entendimento.

Porque a sensação que sentiu foi a da traição.

E nesse sentimento ele no lugar do traidor.

Porque em seu consciente e subconsciente ressoavam uma voz.

Que ele mentalizava, e uma imagem realista se formava.

Antes que o galo cante vai negar três vezes.

Essa voz era ouvida na sua mente.

Lembrava das afirmações que fez.

Morreria em teu lugar se preciso for.

E agora em seu ser sentia uma dor insuportável.

Porque diante da adversidade negou até que o conhecia.

Ainda era noite, e pensava que seria uma sonho.

Quando amanhecesse e acordasse tudo passaria.

Mas para seu desespero o sol nasceu.

Ele estava acordado não foi um sonho.

Tudo o que estava vivendo era real e muito real.

Não havia nada que o consolasse.

E tudo ainda ficaria mais difícil quando soube da condenação.

Aquelas palavras soavam na sua mente.

Você me negará três vezes.

O galo cantando parecia repetir a todo o momento.

E a sensação da traição aquilo era um fogo.

Que queimava de dentro para fora.

A agonia daquele ser, era algo estarrecedor.

Ainda tinha o pior, sua dor só aumentaria.

Aquele que o amava tanto e que o negou diante da multidão.

Com uma cruz sobre as costas.

Caminhava para o local onde seria executado.

E daquele momento em diante o pescador sentiu-se ainda mais culpado.



E pensou diversas vezes em para de viver.

Mas alguma coisa o impedia de tirar sua vida.

O inevitável acontece seu mestre morre na cruz.

Não existia mais lágrimas naquele homem.

Não comia não bebia e nem dormia.

O sentimento de culpa, cheio de remorso.

O destruíam, e assim foram seus momentos.

Até alguém o chamou, como o galo cantou.

Alguém, a voz de mulheres conhecidas.

Muda completamente aquele ambiente.

Chegam até o local onde permaneceu aqueles dias.

E gritaram seu nome, o mestre mandou te chamar.

Está indo para a Galileia e lá todos o verão.

Aquilo foi mais um gatilho, sentiu-se perdoado.

Correu para o lugar onde haviam sepultado.

Só encontrou os lençóis dos costumes fúnebres.

Correu para o local onde ocorreria o encontro.

E algo sobrenatural aconteceu, inexplicável.

Todos reunidos na sala e no meio deles.

Ninguém bateu à porta, nem abriu janelas.

Não ouve barulho de passos, nem respiração.

Apenas surgiu entre eles.

Dizendo: Paz seja com vós.

Mas para aquele pescador ainda não tinha acabado.

Caro amigo deve ter percebido de quem falamos.

Os personagens que até agora não mencionei os nomes.

As aparições daquele que ressuscitou dos mortos.

Eram raras, e focamos na terceira vez.

O pescador estava no mar pescando com amigos.

Depois de uma noite exaustiva e sem sucesso.

Na praia surge alguém pedindo o que comer.

E a resposta deles: nada pegamos essa noite.

Então ele diz: joguem a rede a direita do barco.

Os peixes estão ai.

E realmente estavam, conheceram então que era o Mestre.

Depois de comerem peixe assado e pão.

Ocorre um dialogo, olho no olho.

Assustado o pescador ouviu de novo o galo cantar.

Simão filho de Jonas, me amas mais do que estes?

Essa pergunta foi feita três vezes.

E na terceira vez Pedro respondeu.

Senhor tu sabes de tudo, sabes todos os sentimentos.

E sabe que eu amo, sabe que te neguei três vezes.

O Senhor Jesus conhecia aquele coração.

E sabia da sinceridade daquele pescador.

E tudo o que passou foi um aprendizado.

Alguns conceitos que carregava precisa ser quebrado.



E esse foi um caminho.

Agora estava pronto para sua missão.

Porque agora poderia voltar a sua Glória.

E o pescador iniciava uma nova etapa.

Agora se tornou um pescador de almas.

Mas o pesadelo ainda o sondava.

Todos os dias nas madrugadas.

Quando o galo cantava ele lembrava.


Autor:

(Claudio Alves de Oliveira)

O galo cantou


 

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