EU FALEI
Deixe me apresentar primeiro, depois eu falo do que vi.
Desde já posso adiantar que a minha história, é grandiosa.
O privilégio que tive, talvez nunca tenha acontecido.
Eu sou um ser único nesse quesito, uma sorte única.
Sou
da família equidae, Reino Animália, Filo Chordata.
Classe
Mammalia, Ordem Perissodactyla, Gênero Equus.
Bem complicado, veja como sou importante.
Vamos resumir tudo isso, sou apenas uma jumentinha.
Mas, pasmem nenhum animal na terra passou o que passei.
Viu o que eu vi, e agora vocês vão se espantar mesmo.
Falou o que eu falei, abri o meu coração mesmo.
Eu falei, coloquei pra fora meus sentimentos.
Para entender a minha história, precisa voltar no tempo.
Entender o que acontecia naquele momento.
Vou te dar um número aproximado, 1450 a.C.
Faz um tempinho já, mais a frente eu conto uns segredos.
Por enquanto, vamos aos fatos.
A minha família, são considerados animais de carga.
Pela nossa força e adaptação a qualquer tipo de clima.
Nossos serviços prestados aos homens se baseia em transportes.
Durante a antiguidade fomos a logística primitiva.
Chega de apresentações, foi servi a um homem, um profeta.
O transportei para muito lugares, carreguei suas bagagens.
Afinal de contas, essa era a minha função.
Para esse fim o CRIADOR me formou, desde o início do mundo.
A situação era o seguinte, um povo que foi escravizado.
Ficaram livres e caminhavam em direção a sua terra.
Mas os outros povos não aceitavam isso e tentavam impedir.
E isso era a todo custo mesmo, inimigos se uniam.
Para impedir aquele povo de passar.
Só queriam passar por alguns territórios, mas eram impedidos.
Aquilo era uma afronta, e a maioria dos povos declaravam guerra.
Não permitiam a passagem daqueles escravos do Egito.
Mas, tudo tem um porque, sobre aquele povo tinha uma promessa.
A terra que eles estavam a procura, fazia parte dessa promessa.
E eles estavam determinados, e prontos para a guerra.
Uma descrição bem por cima mesmo dos fatos daquele tempo.
Então entramos nessa história, ou nesses fatos.
Um certo rei observou esse povo acampado nas campinas de Moabe.
E se perguntava como chegaram até ali, e as informações não eram boas.
Todos os que ficaram no caminho deles foram destruídos.
Então meditando chegou a conclusão que um confronto não seria ideal.
Mas uma maldição, algo sobrenatural, isso deveria impedir aquele povo de prosseguir.
Aquele rei imaginou a sua fama, como se fortaleceria diante das nações.
Como o rei que impediu o ímpeto daquele povo.
Já te disse que meu dono era profeta, pois é.
Aquele rei mandou mensageiros para falar com ele.
Para que lançasse uma maldição sobre aquele povo.
Vi eles com uns trocados na mão, era o pagamento.
Mas parece que DEUS não concordou com isso.
Até esse momento não podia compreender, então deduzi.
Aquele rei mandou mais pessoas e essas bem importante.
Meu dono o profeta pediu que ficassem, precisava falar com DEUS.
Se ausentou durante a noite e pela manhã.
Entendi que ele mudou de ideia, me confidenciou, vamos partir.
Preparou-me, e saímos com aqueles honrados homens.
A partir daqui, ocorre os fatos de que falei no começo.
Numa parte do caminho vi algo extraordinário.
Poucos humanos teve esse momento, que tive.
Ou foram capazes de ver o que eu vi.
Um ser espetacular, diferente de tudo com uma espada na mão.
Impedia a nossa passagem, tive que mudar o caminho.
Meu dono me espancou por isso, e me fez voltar.
Mas aquele ser não tinha ido embora.
Se fechou novamente o caminho e eu temi.
Me encostei na parede de pedra com medo.
E acabei prendendo o pé do profeta, que novamente me espancou.
Mais adiante em um lugar estreito vi novamente aquele ser.
Que de certa maneira me acenou para que não prosseguisse.
Então deitei no chão com medo e o profeta mais uma vez me agrediu.
Então algo sobrenatural, inexplicável aconteceu.
Eu falei.
Não, não foi a zurra, nada disso.
Eu uma jumentinha falei com voz humana.
Minha boca se abriu e o profeta entendeu.
Naquele dia eu abri o meu coração, falei do meus sentimentos.
“Que foi que eu te fiz, para me espancar três vezes”.
Desde o dia que me possuiu, tudo o que fiz foi te servir.
Fiz tudo o que eu poderia fazer por ti.
Nas tuas caminhadas onde quer que fosse, te carreguei.
Fui fiel a você toda a minha vida é dessa forma que retribui.
É isso o que mereço de você, depois de todos esses anos.
O profeta se justificou dizendo que eu tinha zombado dele.
E que se tivesse uma espada até me mataria.
Eu retruquei: é meu costume fazer assim?
Ele respondeu que não.
Eu imaginava que ele também tinha visto o que eu vi.
Então entendi no seu espanto quando viu o anjo.
Que somente eu tinha observado o anjo com a espada.
Eu ainda podia compreender aquela linguagem humana.
O anjo falava para o profeta, e apontava para mim.
Se a tua jumenta não tivesse desviado o caminho você teria perdido a vida.
Em outras palavras, aquele homem me devia a vida.
Ainda sem entender o que estava acontecendo.
Eu, uma jumentinha falando com um humano.
Vi um anjo dos Céus, e entendia toda aquela conversa.
DEUS tinha percebido alguma coisa no coração do profeta.
Sei lá, talvez estivesse pensando na riqueza.
Afinal era só ele amaldiçoar o povo que estava nas campinas.
Meu dono confessou que tinha errado.
E que dali em diante seguiria a risca as determinações.
Então aquele ser de luz com a espada desapareceu.
Da mesma forma que surgiu naquele caminho, se foi.
Como num piscar de olhos.
Se minha história fosse contada de boca a boca.
Talvez ninguém acreditaria.
Mas DEUS, o teu CRIADOR e o meu.
Reservou nos livros um espaço para a minha história.
Nos livros dos justos, no Torá.
E nas Sagradas Escrituras.
Os homens na sua maioria ainda não entendeu.
Que nos animais de todas as espécies.
Temos sentimentos, temos o amor.
O amor não é instinto, é uma dádiva.
Fomos impedidos de falar com as pessoas.
Mas, nós demonstramos isso com nossa linguagem.
Com sinais, com atitudes.
Aqui na terra aconteceu uma única vez.
De um animal falar, já no Éden era diferente.
Como prova disso, quinze espécies de aves, conseguem falar.
Alguns vão dizer que elas somente imitam.
Os humanos aprendem a falar da mesma forma.
(Claudio Alves de Oliveira)
Eu falei


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