MEMÓRIAS DO CÁRCERE
(Sansão)
Não podia mais enxergar, e ali no cárcere se perguntava.
Como tudo aquilo foi possível.
Aquele era o seu lugar agora, talvez seus últimos momentos.
Seriam ali vividos em meio a sua dor e seu lamento.
Em seu maior remorso, dentro de si sua alma estava em agonia.
O arrependimento por ter se deixado enganar-se.
Não existiam culpados a não ser, ele, tão somente ele.
Como se justificar em cima das suas ações.
Ou melhor, as consequências daqueles atos errôneos.
E naquela espécie de masmorra o inimigo o fazia movimentar o moinho.
Os grilhões nos seus pés o separavam da liberdade.
Foram 20 anos de vitória e glórias.
Foram dias inesquecíveis e exuberantes.
Assistiu muito homens fugirem dele com medo.
Sua força e dominação incapacitavam os adversários.
Não poderia ser diferente o tratamento que recebeu.
Olho por olho e dente por dente.
Tinha certeza que não sairia mais dali com vida.
Mas com tudo o mal a sua volta, ou em si próprio.
Ainda pairava sobre sua consciência.
A sua missão, e seus pensamentos voltavam ao passado.
A imagem dos seus pais, principalmente sua mãe.
Que o educava acerca da sua preparação.
Você é diferente, seu cabelo não pode ser cortado.
Sua boca não pode provar bebida, você foi escolhido.
Tem uma missão muito importante na sua vida.
Precisa libertar o seu povo da escravidão.
Foi um anjo que anunciou tudo isso.
Quantas recordações e lembranças inundavam sua mente.
Afogavam o seu ser, queria ver a sua volta.
Era completa escuridão, seus olhos foram arrancados.
O inimigo o odiava muito e o fez pagar.
Por todo ato, por batalha, pelas perdas e danos.
Por todas as frustrações que ele os fez passar.
Pelos soldados que foram mortos em combate.
O mais temido dos seus inimigos, apenas um homem.
Que agora estavam em suas mãos, era dia de festa.
Homenagens ao deus deles e ele podia sentir e ouvir.
A grande celebração que estava acontecendo.
Que praticamente imobilizou quase toda aquela nação.
Que era inimiga do seu povo e o foco da sua missão.
Não era possível que o deus Dagom era vitorioso.
Não depois de tudo o que havia acontecido.
As batalhas que saiu vencedor de todas.
Lembrou do dia que estava com sede, e clamou por água.
A queixada do jumento que tinha usado como arma.
Se fendeu e saiu água sua voz foi ouvida pelos Céus.
E esse sentimento começou a tomar conta da sua alma.
Nem percebeu que seu cabelo começava a crescer muito rápido.
Foi convocado para alegrar a festa dos filisteus.
Alguém o ajudou a chegar o local designado.
O templo tinha duas colunas que o sustentava.
Já não se importava mais com a zombaria.
Com as coisas que seus inimigos pediam que fizesse.
Seus pensamentos estavam bem longe dali.
Parecia ouvir sua mãe falando do anjo.
Os momentos que fora vencedor.
Relutando em seus pensamentos concluiu.
Fui eu quem perdi essa batalha.
Eles não venceram apenas deixei ser derrotado.
A sua mente o exaltava, o elevava mais alto.
Há um patamar mais elevado, entender aquela situação.
Um dos homens mais forte que existiu na terra.
Não se tratava de um gigante, com armaduras.
Mas toda as vezes que estava na batalha.
Sentia uma força o tomar, alguma coisa bem diferente.
Era tomada por uma energia incomum.
Enquanto apalpava as colunas do templo.
Os seus sentimentos mais profundos se voltaram para os céus.
E clamou com toda a sua alma.
Pediu vingança pelos seus olhos que foram arrancados.
E entendeu que tudo aquilo fora de propósito.
E de repente sentiu que a sua força voltou.
Passou a mão na cabeça e sentiu seus cabelos de volta.
E algo parecido com implosão de um edifício, aconteceu.
O templo do deus Dagom sucumbiu.
Ali estavam os homens mais poderosos dos filisteus.
Príncipes, comandantes e soldados, religiosos.
Nenhum deles escapou, foram soterrados pelos escombros.
Num único dia morreu mais inimigos de Sansão.
Do que em todo seu tempo de vida, ou de juiz em Israel.
Realmente ele não perdeu nenhuma batalha.
Em sua última peleja, cumpriu sua missão.
Embora tenha te custado a vida.
Mas o seu povo estava liberto da escravidão.
A sua força nunca esteve no cabelo.
Mas na obediência a DEUS.
Autor:
(Claudio Alves de Oliveira)
Memórias do cárcere
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